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Mariana

Guia de Leitura de Sherlock Holmes: Parte 1 (1887 a 1902)

Sherlock Holmes já teve muitos rostos, no passado e no presente, cheio de acessórios modernos ou apenas com sua boa e velha lupa. Só a wikipedia cita pelo menos 220 adaptações do personagem de Sir Arthur Conan Doyle. Com tantos derivados, nada mais justo que fôssemos procurar na fonte como é o maior detetive dos livros.


Quem é fã de livros de mistério sabe o quanto personagens como Sherlock, Dupin e Poirot influenciaram uma diversidade de outros livros, mas isso fica para outro artigo. Aqui focaremos em Sherlock, afinal quem não adora um box de obra completa?


Para você que quer comprar alguma obra ou coleção, decidi contar um pouco sobre a minha trajetória de leitura da obra completa de Sherlock Holmes. Leia e descubra qual será seu preferido.


O foco desse compilado será nos seguintes livros de Sir Arthur Conan Doyle:



Impressões gerais


Metade da obra já me fez ter consciência de algo importante: minha visão de Sherlock, depois de ter visto tantas adaptações, era bem diferente do original. Assim como não estava preparada para o formato diferenciado do primeiro romance (mais abaixo), Sherlock se mostrou um personagem menos esnobe do que eu imaginava.


Não se enganem, ele continua sendo direto ao falar que é melhor que muitos detetives, mas sempre ressalta que já esteve muitas vezes errado também, em especial, porque os livros são narrados por Watson e Sherlock gosta de apontar que o amigo lhe dá crédito demais.


Muitas pressuposições são quebradas nos livros: Irene Adler não é uma personagem tão importante, aparecendo em apenas um dos contos, assim como Moriarty tem sua trajetória inteira de ação com Sherlock em um único conto também.


Para quem nunca leu Sherlock, eu diria que demorei para me acostumar com o estilo do livro. Acostumada com as histórias de Poirot, pude ver diferenças bem grandes na leitura. O culpado nem sempre será alguém que já foi apresentado no livro, a maioria das histórias do passado serão descobertas por inteiro, muitas vezes sendo contadas por alguém (que não é Sherlock), e o foco não é nas reviravoltas, mas no processo.


Desde o começo, Sherlock mostra sua habilidade com os detalhes - de saber o que o outro está pensando apenas ao acompanhar seus olhos até que tipo de vida vive ao observar uma bengala. Não vou mentir: é impressionante. E só não é a melhor parte dos livros, porque sempre gosto de interações humanas e ver a relação de Watson e Sherlock sendo construída é um prazer enorme.


Acompanhamos quando os dois se conhecem no primeiro livro e, apesar de não vermos a amizade linearmente (se ler na ordem de lançamento), podemos ver o quanto Sherlock gosta de ter Watson ao seu lado durante os casos. Ele insiste que Watson incentiva sua mente a pensar nas possibilidades e, apesar de zoar do amigo por suas teorias estarem quase sempre erradas, Sherlock parece se importar bastante com a opinião de Watson. Além do mais, ao longo dos 5 livros, fiquei feliz em ver que é perceptível que as habilidades de dedução de Watson estão, sim, melhores do que antes. Em "O cão dos Baskerville", o médico fica responsável pela maioria das teorias e acerta bastante.


Dica: ao ler em ordem cronológica de lançamento, tenha em mente que Arthur Conan Doyle escreveu os contos e romances fora da ordem. Em certos momentos, vai parecer confuso, mas não tente colocar tudo em uma ordem, o autor tende a apontar muito bem em que época o conto ou romance se encontra na trajetória de Watson e Sherlock.


Um estudo em vermelho (romance): 1887

Watson está procurando um apartamento para morar. Sherlock tem um apartamento e precisa de um colega de quarto para dividir as contas. O resto é história.


Logo depois de se conhecerem, Watson e Sherlock embarcam no primeiro caso juntos, que Watson depois nomeia de "Um estudo em vermelho". Por quê? Bom, em uma casa abandonada, um corpo aparece cheio de sangue, porém sem ferimentos.


Vou falar logo: o primeiro livro não é o meu preferido. Antes de ler, soube que muitas pessoas adoravam ou odiavam a divisão em duas partes do livro, e parece que eu sou o segundo tipo. Mentira, eu não odiei, mas a razão do desconforto é que a divisão quebrou a fluidez do livro de maneira não satisfatória para mim. Não significa que seja ruim ou mal escrito, mas não vi o propósito da narração - em especial quando também tenho minhas críticas em relação à pista-chave do caso.


Não vou entrar em detalhes, mas pensem que, apesar da experiência não muito boa, algo me cativou a continuar e foi exatamente os personagens e a primeira metade do livro. Tem algo animador em acompanhar os personagens originais de algo tão conhecido.


O sinal dos quatro (romance): 1890

O livro começa com os dois amigos já acostumados a desvendarem casos juntos, mas nada tão complexo desde o primeiro livro. "O sinal dos quatro", ou "O signo dos quatro" em outras edições como a imagem, nos apresenta a vícios do Sherlock, e envolve dois irmãos ricos que vieram da Índia, um tesouro secreto e como isso tudo afeta Mary Morstan.


Não sei se podemos considerar um spoiler, fica aí o aviso. Sim, é nesse livro que conhecemos a Mary, que no futuro será a esposa de Watson. Além de ser um ótimo livro para conhecê-la, já que ela aparece apenas de relance nos outros livros (pelo menos nos primeiros 5 livros), podemos ver a criatividade do autor ao colocar elementos de ação na história.




As aventuras de Sherlock Holmes (contos): 1892

Aqui temos o primeiro livro de contos do autor. Para quem não está acostumado, pode não prender muito de início, já que cada história tem seu fim a cada 20-30 páginas. Ainda assim, é divertido ver o quanto Watson vai aprendendo sobre Holmes. Por exemplo, sua habilidade formidável em criar disfarces. Observamos também o quanto as narrativas de Watson ajudaram Sherlock a ficar famoso como uma espécie de detetive particular, apesar de ele não se chamar assim. Além disso, é nesse livro que conhecemos Irene Adler, no conto Escândalo da Boêmia, e entendemos como ganhou o apelido de "A mulher".


Contos em destaque:

  • Escândalo da Boêmia

  • A pedra azul

  • A coroa de berilos

  • O mistério do Vale Boscombe


Memórias de Sherlock Holmes (contos): 1894

Como o nome sugere, o livro é um compilado de contos que, em boa parte deles, temos Sherlock ou alguém relembrando alguma história do passado. É nesse livro que conhecemos Mycroft, o irmão de Sherlock, no conto "O intérprete grego", cheio de reviravoltas; assim como conhecemos o único amigo de faculdade de Sherlock e seu primeiro caso no conto "O ritual Musgrove". Além disso, temos um marco importante nos livros: o conto "O problema final", em que Moriarty é apresentado e sua história com Sherlock se desenrola até o final trágico dos dois.


Spoiler ou não, acredite se quiser, Arthur Conan Doyle teve a coragem de matar Sherlock no último conto, o que revoltou a maioria dos fãs na época, fazendo com que o autor voltasse com o personagem vivo mais de 10 anos depois.


Contos em destaque:

  • O ritual Musgrove

  • O tratado naval

  • O intérprete grego

  • O problema final


O cão dos Baskerville (romance): 1902

Apesar de ser o livro logo após o conto "O problema final", ele se passa antes dos eventos da história, o que deve ter deixado muita gente nervosa na época. O autor gostou de fazer um mistério sobre o retorno de Sherlock.


Dos romances, o meu preferido até o momento. Além de dar certa autonomia para Watson e mostrar como ele mudou, temos momentos importantes entre os amigos. Quando um médico aparece contando a lenda do "cão dos Baskerville" e como a família Baskerville é amaldiçoada, o principal objetivo é desvendar até que ponto vai a lenda e defender a nova geração da família, que está em risco.


O livro começa com um exercício constante de Sherlock de tentar adivinhar quem será seu próximo cliente por meio de um item perdido e se torna muito mais, cheio de elementos e reviravoltas.


O mundo criado por Sir Arthur Conan Doyle está a suas mãos, seja lendo todos os livros ou escolhendo os que mais gostou para se inteirar. Espero que esse guia de leitura tenha ajudado você a entender como pode conhecer Sherlock e o Watson originais dos livros.


Você já leu algum deles? Comente o que achou! E, se quiser saber mais sobre os outros livros até 1927, visite a Parte 2 do nosso Guia!

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