“Em Fogo Lento” é o mais recente livro da Paula Hawkins, autora que ficou conhecida pelo livro “A Garota no Trem” (ou “A Rapariga no Comboio”, se você estiver em Portugal. Não consigo superar esse título, desculpa, portugueses), que virou um filme estrelado pela Emily Blunt. Além desses dois, Hawkins também escreveu “Em Águas Sombrias” que foi um sucesso de vendas.
Seguindo a linha de seus outros romances, “A Slow Fire Burning” (no original) traz um thriller girando principalmente em torno de personagens femininas. Como bom mistério, começamos com um assassinato.
Um jovem, Daniel, é encontrado assassinado dentro de um barco em que estava morando. O local de moradia não é objeto de estranheza, já que isso é comum em determinadas regiões de Londres, onde o livro se passa.
Acompanhamos então quatro mulheres que são afetadas por esse crime de alguma maneira.
Laura é a principal suspeita do crime. Uma garota jovem que tinha se encontrado com Daniel de maneira casual logo antes e foi a última pessoa a ser vista com ele. Para piorar, Laura tem um histórico de violência e foi deixada com várias sequelas psicológicas após um acidente na infância.
Carla é tia de Daniel. Após a morte da irmã apenas algumas semanas antes, Carla é o membro da família mais próximo de Daniel. Carla tinha uma relação conturbada com a irmã e o sobrinho, influenciada por uma tragédia que aconteceu décadas antes.
Miriam foi quem encontrou o corpo de Daniel e chamou a polícia. Também moradora de um barco, ela estava estacionada ao lado do barco de Daniel e percebeu que ele estava passando do tempo que poderia ficar no local. Já na meia idade e poucos amigos, Miriam é bastante amargurada, convive com seus próprios traumas do passado e tem seu próprio investimento no caso de Daniel.
Por fim, temos Irene. Uma senhora já idosa e viúva que mora ao lado da mãe de Daniel, ou pelo menos onde a mãe dele costumava morar antes de morrer. O detalhe: Laura costuma visitá-la toda semana para ajudá-la com as compras.
A primeira metade do livro faz jus ao nome e se arrasta bastante para contar a história. Somos apresentadas a cada uma das mulheres, suas personalidades e seus passados e a morte de Daniel fica no fundo, como apenas uma desculpa para nos apresentá-las.
No final, é claro que dá aquela acelerada, retornamos ao mistério inicial e tudo é resolvido. Mas o grande problema é que, a essa altura, o leitor já não se importa com Daniel. Não foi dado nenhum motivo grande para se importar. Ele morreu, sim, mas o foco não está nele em momento algum.
O desfecho fez sentido e foi interessante. Laura e Irene são personagens que eu gostei muito, bem diferentes do que costumamos encontrar, certamente a amizade das duas foi o ponto forte do livro para mim. Mas como mistério o livro é fraco. Não sei nem dizer se o final foi surpreendente ou não, porque a verdade é que eu não me importava o suficiente com a resolução do caso.
Nota: 3 estrelas.
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